28 junho 2006

da paixão

há quem se apaixone com o coração.
eu apaixono-me com a cabeça e com a cona. por isso deixei de foder e de pensar.

01 junho 2006

aniquila-me. suspende o tempo de mim. constrói-me à tua imagem e semelhança. destrói-me porque só tu podes ser tu. liberta-me de mim. eu não existo. dá-me um guião para seguir, roupa pronta a vestir, slogans mastigados. não me deixes sobretudo cair em tentação. espanca-me metodicamente, despedaça-me. mas fá-lo devagar, ao ritmo desta música. fode-me assim quieta. quero esquecer-me de mim, deste corpo cicatrizado. dá-me um corpo limpo, macio, jovem e virgem de promessas. dá-me um sonho para sonhar, que os meus já me rasgaram o suficiente. sobretudo não me deixes cair em tentação. magoa-me. entranha-te em mim. deixa as marcas das tuas mãos nos meus pulsos. de manhã quando o teu lado da cama estiver vazio e frio quero sentir sangue nos lábios. faz-me ajoelhar. castiga-me.

sobretudo não me deixes. sobretudo vem esta noite. só mais esta noite. e fode-me assim, uma última vez. e depois não voltes. sobretudo não voltes. quero morrer tudo de uma vez.