07 maio 2008

Na vida moderna falha-nos a poesia. Com sorte, ou bons governos, compensam-nos com bons sistemas de saúde públicos. Do lado de lá da vida. Nos hospitais, és outra coisa qualquer. Um ser humano? Sim, mas não. És valores de tensão, graus, sangue. És arrastadeiras, vómito, hemorragias, uma possibilidade de qualquer coisa. Num bom sistema de saúde bastam-te duas consultas, e em menos de dois meses operam-te. És uma pessoa, riem-se de ti, contigo, mesmo que não haja uma língua comum.

Na vida moderna sobra-nos a prosa. Com azar, ou maus governos, amaldiçoam-nos com maus sistemas de saúde. Do ladode cá da vida. Nos hospitais, não és. Humano? Não, cores. Amarelo, laranja, vermelho. Um número. Uma data, daqui a três meses. Para o diagnóstico. Urgente? Urgente é morrer, tiros, facadas, acidentes de viação, ossos partidos, traumatismos.
Num mau sistema de saúde, dizem que só te tratam se estiveres para morrer.

06 maio 2008

Agricultora, no Afeganistão - alguém conhece?


O Blogger arranjou-me uma nova ocupação e uma nova morada: agricultura no Afeganistão.
Porque não? O meu objectivo de vida para os próximos dois anos, leia-se até aos meus 30, é viajar pelos cinco continentes, fazer o que quiser, viver daquela maneira que toda a gente e o bom senso (incluindo o meu) apelidam de louca e sem futuro.

Deixo os meus livros, os únicos bebés depois da morte do Linus, com vári@s babysitters, e vou, com a gaja, por aí, como se não houvesse amanhã. Começando, como aconselha o primeiro livro de viagens prolongadas que li, por um ambiente similar a este, e viajando, viajando, viajando mais longe na diferença. Não começar pelo mais distante, pelo confronto directo, que é mais fácil rejeitar em bloco. Progredir no caminho da diferença para a incorporar, aprender com ela, integrá-la em nós. Tatuar a viagem na identidade própria.

Sim, um dia será o Afeganistão. Profeta Blogger!