07 maio 2008

Na vida moderna falha-nos a poesia. Com sorte, ou bons governos, compensam-nos com bons sistemas de saúde públicos. Do lado de lá da vida. Nos hospitais, és outra coisa qualquer. Um ser humano? Sim, mas não. És valores de tensão, graus, sangue. És arrastadeiras, vómito, hemorragias, uma possibilidade de qualquer coisa. Num bom sistema de saúde bastam-te duas consultas, e em menos de dois meses operam-te. És uma pessoa, riem-se de ti, contigo, mesmo que não haja uma língua comum.

Na vida moderna sobra-nos a prosa. Com azar, ou maus governos, amaldiçoam-nos com maus sistemas de saúde. Do ladode cá da vida. Nos hospitais, não és. Humano? Não, cores. Amarelo, laranja, vermelho. Um número. Uma data, daqui a três meses. Para o diagnóstico. Urgente? Urgente é morrer, tiros, facadas, acidentes de viação, ossos partidos, traumatismos.
Num mau sistema de saúde, dizem que só te tratam se estiveres para morrer.

1 comentário:

Conrad Pichler disse...

Olá,
Eis que procurava um novo nome para um novo blog e descobri que aquilo que inventaria já existe. Estranho perceber que teu blog é tão parecido com o meu atual, se não nos textos, mas numa dicção ou filosofia.

Vou ter de invertar algo que ainda não existe e contrariar a lei da natureza.

Abraços,
Conrad