20 janeiro 2007

Basta!



Porque já chega. Ponto. Parágrafo. Travessão. E em discurso directo, a voz de cada uma/um.

17 janeiro 2007

all the small thinghs

penduro um mapa da europa na porta da casa de banho. substitui as cidades e os países por nomes de amantes. viajo mais por corpos que por acidentes geográficos.

as pequenas coisas que não quero esquecer: os subúrbios de atenas à noite, depois de mais uma bebedeira e uma noite num bar lésbico, conversa com a tradutora para o grego do livroThe Well of Loneliness de Radcliffe Hall, auto-respeito, relações lésbicas, armários, e as dificuldades de viver anos a fio com isto e manter a sanidade. as lésbicas mainstream no marais, exuberantes na sua normalidade conquistada. as lésbicas feministas, as gajas feministas no geral, nas festas não mistas de copenhaga, podres de cerveja e sempre prontas para evangelizar mais alguém; ou copenhaga à noite numa bicicleta sem luz, a caminho da casa de um amante. a cave imunda em budapeste, um dos bares gay mais fashion do sitio, onde roubei um beijo a uma neerlandesa bêbeda há quase sete anos, e o taxista húngaro que não falava inglês, francês, espanhol ou português que nessa noite nos conduziu ao hotel. amsterdão partilhada com uma das duas pessoas com quem concebi passar a vida, os grupos de cinquenta japoneses a tirar fotos às montras vermelhas, a novidade de fumar erva-erva-erva, os dias todos nossos, a vida toda. nossa.
lisboa. lisboa à noite do miradouro de nossa senhora do monte a desancar americanos e fumar charros. lisboa vista de cacilhas. o céu de uma tarde de maio, azul, cheio de andorinhas e esperança. e o tejo.
o porto à tarde depois da primeira moca de md, cores vivas, palavras longínquas, a lentidão absoluta de cada movimento, o sorriso permanente, sem saber ao certo se da moca, se da tampa da noite anterior (pormenores sobre os prazeres de levar uma tampa guardo-os para mim).
e marselha. marselha, onde nada é proibido. marselha, onde cada noite é uma aprendizagem nova, onde os limites e as escolhas são os que se quiser. marselha, onde se pode foder à grande, não foder. só não se pode fingir que não se vive.

portei-me bem até aos 22 e ninguém acredita. não fodi à balda, nem à grande. não bebi. não tomei drogas. a minha primeira one night stand foi aos 22, o primeiro blind date aos 25, a primeira pedrada de md, de coca, de poppers aos 26.

fui fiel à minha maneira, não como me ensinaram que se deve ser fiel. acredito no amor, e em compromissos. sou uma céptica feliz, porque sei que a mudança chega sempre.

às vezes não sei que fazer com tudo isto. com tantas pessoas que trago em mim. com tantas pessoas que conheci, que conheço, que vou conhecendo. surpreendo-me continuamente porque nunca procurei nada disto. porque o acaso me forjou uma vida que amo.