17 fevereiro 2007

A pedido de muitas famílias

Escrevo textos a pedido de muitas famílias. Meteram na cabeça que enquanto escrever não enlouqueço. Enlouqueço mais quando escrevo, mas disfarço bem. Falo de outras coisas. Drogas, sexo, música, filmes e livros. Uma mão cheia de temas, disponível para qualquer ocasião. Nunca de loucura. Nem de sentimentos. Uma e os outros são assuntos perigosos em família.
Há regras preciosas. Nunca se fala de sexo com o chefe de família. É uma falta de respeito. Nem de poesia com qualquer dos filhos, independentemente da idade. É uma manobra de engate barata. Ou de drogas com a mamã. É de bom tom respeitar as adições alheias. O melhor é falar de sexo com os filhos, drogas com o chefe, e poesia com a mãe. Assim todos se satisfazem discursivamente, já que empiricamente não podem.
Escrevo textos a pedidos de muitas famílias, por muitos motivos, muitas vezes. O que já não escrevo são palavras de ordem.

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